22 julho 2013

Ela era inconstante, pessimista, trocava a noite pelo dia, fumava horrores, se alimentava mal, não praticava nenhum exercício e era afeita às maravilhosas sensações advindas do consumo de substâncias químicas ilícitas. Era desapegada a qualquer coisa que pudesse mantê-lá em órbita, odiava rotina, odiava horários e, acima de tudo, odiava que esperassem algo dela. E, caso esperassem, que dissessem a ela o que esperava. Odiava ser cobrada e era incapaz de se doar ao que quer que fosse. Sua alma se sentia perfeitamente confortável desde que experimentasse o gosto da clandestinidade e da marginalidade social, não no sentido de cometer crimes, mas de estar à margem de tudo o que fosse considerado "bacana" ou hype. Era taciturna, solitária e viciada em maconha, nicotina e cafeína. Tinha muita insônia, se recusava a fazer terapia ou qualquer tratamento comprovadamente eficiente e chegava mesmo a parecer que gostava de não "funcionar" do mesmo modo que a média da população.

(Texto escrito a pedido da psicóloga Dra. Maria Helena, para reflexão na 4ª consulta)

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