15 agosto 2013

A cor de um dia cinza

Era um dia avulso ao meu gosto.
Havia amanhecido frio (me fazendo modificar todo o look “ideal” que havia imaginado durante horas na noite anterior), e o trafego (humano e automóveis)nas ruas estava a ponto de quase um caos, e tudo o que eu mais queria era só estar do lado de dentro da estação do metrô, me livrando de todo aquele calor sob-humano, e aquela chuva acompanhada de vento forte e gelado. Enfim, cheguei ao destino: Estação Parada Inglesa, linha azul do metrô.
O relógio da estação marcava 9:45am e eu estava absurdamente atrasada, o que fazia com que meu humor tivesse colapsos de felicidade (por pelo menos ter dormido alguns minutos a mais no ônibus), e tristeza por ter que enfrentar a cara feia das pessoas que trabalham no mesmo ambiente que eu.
Fiz uma pequena pausa para entender o que acontecia e o porque do metrô estar daquela forma. Sentei próxima ao elevador da estação, e retirei para fora da bolsa o meu bloco de anotações tomando algumas notas sobre as pessoas ao meu redor. Levantei depois de 15 minutos, e criei coragem. Eu ainda tinha que trabalhar.
Entre muitas cabeças, empurrões e reclamação, consegui enxergar – por cima dos meus óculos escuros – o seu brilhante, branco e doce sorriso. E vi também que ele sorria para mim. Assim, como se soubesse que eu estava imóvel  pelo feitiço do seu sorriso, ou pelos teus olhos – que mais tarde descobri que eram feitos do verde mais lindo que eu já havia visto – que me faziam enrubescer.
Achei então que havia encontrado o motivo exato pra fazer o sol do meu dia nascer, pra ver flores onde só havia lixo, e não me incomodar com o mau humor alheio. E foi ai que me veio a maior de todas as surpresas. No empurra-empurra de pessoas querendo entrar, e outras sair do vagão, ficamos juntos. Colados. Ele estava bem ali, na minha frente, exalando o seu feitiço a cada vez que tinha que mexer algum membro, enquanto eu me entorpecia com o mais afrodisíaco dos perfumes que vinha do seu paletó.
Descobri suas mãos procurando as minhas. E entre milhares de corpos apertados, lhe estendi a minha. Nunca havia sentido tanta delicadeza em um simples toque. Ficamos assim por uns 5 minutos, e foi quando ele largou a minha mão, deixando um papel. Era um bilhete, e dizia: “Me liga. Quero conhecer você e saber o que você tanto escreve em seu bloco de anotações. Meu nome é Andre. Fone: 9-9999-9999”. Derreti.
Quando pude me dar conta novamente, ele já havia tomado uma distância considerável, e se preparava para descer na próxima estação. Como se tudo fosse combinado: ele ia embora, e a musica tema da nossa relação se iniciava. "Ela partiu, e nunca mais voltou". Tim Maia.
Me senti vazia até a minha estação de desembarque. Foi quando tive a mais genial de todas as minhas ideias: tirei uma foto de um trecho do que escrevia em meu bloco de anotações, e enviei via WhatsApp. Certo!
Recebi a resposta da foto enquanto almoçava. Dizia: "Você esconde mais segredos do que eu imaginei, e também tem o poder de descobrir tudo o que as pessoas pensam. Deixa eu te ajudar a desvendar esse mundo louco."
Duas semanas depois, não trocávamos mais mensagens. Ele me prometeu que enviaria todo dia uma foto do seu sorriso para que os meus dias amanheçam sorrindo.


(...)



Hoje, como um ritual, acordei, e com a foto dos mais lindos dos sorrisos me desejando um ótimo dia. 

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