20 agosto 2013

É mal de Rafael.



Ele era tão lindo quanto aqueles galãs de novela. Alguém que parecia impossível pra mim. Tinha os olhos verdes, o cabelo cor tipo “caiçara”, embora seus fios fossem como seda, e me fazia suspirar toda vez que usava uma jaqueta sem mangas azul e sua calça bege.
Os seus dentes  me lembravam comercial de pasta de dente. Um branco incrível e difícil de acreditar que existisse além das imagens que passam na televisão, e propaganda de consultório odontológico.
Ele trabalhava no mesmo grupo de funcionários que eu. Era arquiteto, enquanto eu, uma simples e humilde auxiliar do administrativo.
Foi na parte da manhã, na cozinha, o primeiro contato.
“Oi”, ele disse. Eu emudeci, corei. Ele, só sorrisos. Acho que percebeu meu nervosismo.
Desde então, todas as vezes que me encontro sozinha na cozinha, por muito tempo, sempre vem ele, com sua xicarazinha pegar o seu café, e faz tudo no sigilo. Não se ouve seus passos no corredor, e quando notam sua falta, ele aparece de volta, com sua xicarazinha em punho, cheio do seu café amargo, e aquele sorriso de quem nunca apronta nada.
Os dias se seguiam. Ele entrava na cozinha, eu fugia. Ele olhava, eu encarava. Ele era cordial, e eu chorava de tanta lindeza num homem só.
Apaixonei.
Mas desapaixonei no mesmo instante em que o famoso ‘Jão’ (paquera da “hora do cigarro” a mais ou menos 1 ano, primeiro olhar, primeiro sorriso, português, lindo e com bom gosto musical) voltou de suas férias.
Ficou esquecido.
Era só mais um L-impossível (mistura de lindo com impossível).
Vivemos felizes para sempre.

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